segunda-feira, 24 de março de 2008

Manifesto a falta de tempo

Não tenho tempo... Quem tem? Que tempo se vive hoje? Quis criar... Criei. Criação. Quis fazer algo. Fiz. Que material eu usarei? Estou usando algum material. E os que não usei? Em meio a uma inquietação geral, fiz de minha arte o preenchimento de meu tempo. Meu... Será do tempo em que vivemos? Preciso de um público. Para quê? “Será realmente necessário”. Ou... se eu colocar uma interrogação no final não ficará melhor... Vejamos: “Será realmente necessário?”. Onde quer que se vá, diz-se que a arte se completa com o público... Na arte atual talvez. Ah! Arte esta escrita entre aspas... “arte”...

Desejei fazer manifestos como os dos expressionistas... Aquelas xilogravuras sempre me lembrarão operários na fila da greve... “Isto ainda é possível”... Droga! Novamente a dúvida sobre a interrogação... “Isto ainda é possível?”. Mas o que não é possível? Peguemos um grupo de amigos e sentemos a uma mesa portátil... Tomemos chá no meio da rua. Alguns panfletos servem... Disseminemos informações. Idéias e posicionamentos. A nova, não tão nova tecnologia traz avanços para essas disseminações. Se perdermos em veracidade de obra, ganharemos em possibilidades de disseminação comunicacional... Usem-se as fotocópias, as xilogravuras básicas com colher, prensas enferrujadas jogadas em um canto, correios eletrônicos e diários virtuais! Não podemos deixar a idéia morrer! Pegaremos retalhos de tecidos mofados em um canto da casa, amalgamaremos com fitas adesivas e linhas de costura. Disto nascerão nossos seres do dia-dia. Um retrato do que nos rodeia.

Goeldi

Nunca se imaginou nos tempos do daguerreótipo que 173 anos depois aqui, no sul do mundo, onde faz calor no verão e os invernos tem frios bem marcados, alguém não parasse de fotografar. Um olhar, um rosto, gatos, uma paisagem pretensamente poética. Herança de uma infância cheia de imagens. Imagens essas extraídas de um tempo em que não se tem tempo, mas que se têm momentos, lugares, visões, sonhos e pura poesia.


24 de março de 2008
bandidartista

Um comentário:

Jessica disse...

Gostei muito do dagarreótipo, muito nosso fazer frio e calor nas determinadas estações.Ainda bem!
E essa falta de tempo gera brigas e desentendimentos entre nós e os amigos, os enamorados e a nós mesmos no final que gostariamos estar em todos os lugares e acaba com a cabeça em nada.
Mas se tudo é sintonia nessa vida , ás vezes agente consegue sintonizar no BEM !